segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Módulo 6 - A Interdependência das Economias Actuais
TEXTO DE APOIO
A ECONOMIA INTERNACIONAL

Um sistema económico de um país deve ser visto como uma sociedade aberta, isto significa dizer que as fronteiras das relações económicas de uma nação devem dar permissão a um bom trânsito com as comunidades que precisam de determinados produtos de outras, ou mesmo supri-las de produtos de fora das suas fronteiras nacionais. Isso é o que determinam as relações entre países, e que faz funcionar a economia internacional, ou por outras palavras, faz inter-relacionar a economia de um determinado país com o resto do mundo, como por exemplo: Portugal compra dos Estados Unidos determinados tipos de produtos, e a Polónia compra a Portugal outro tipo de produtos que, eventualmente, faltam neste país.
É claro que em países de ideologia burguesa, ou capitalista, as relações de compra e venda de mercadorias, são postas num intercâmbio bem mais favorável do que se falarmos de relações de países capitalistas com países socialistas. Contudo, quer-se deixar claro que as relações internacionais são efectuadas de acordo com as necessidades derivadas dos excedentes de umas nações em relação às outras.
A Economia Internacional é uma estrutura de cooperação entre os países, com o objectivo de assegurar a eliminação das necessidades das nações que não produzem internamente determinado tipo de produto, e/ou não tenham condições de produzi-lo, tendo em vista as suas condições tecnológicas, a fertilidade do solo, a qualificação da mão-de-obra, a estrutura produtiva, e muitos outros factores, que dificultam as limitações internas nas próprias condições locais. Todavia, as relações internacionais têm dificultado o avanço das economias periféricas, em primeiro lugar, devido à imposição de produção de determinados bens condizentes com a economia interna, levando em consideração a divisão internacional do trabalho; e, em segundo lugar, por causa da determinação de uma moeda internacional, que deteriora as moedas locais, desvalorizadas, e fracas por natureza no seu poder aquisitivo.
Inegavelmente, é importante a participação de uma nação na economia internacional, pois as vantagens comparativas desenvolvidas por David RICARDO (1817) alertaram para o sentido cooperativo de união entre os povos na procura do desenvolvimento sustentados de todas as economias. As vantagens comparativas dizem respeito a que os países se especializem naquilo que tivessem mais facilidades de produção: Isto significa dizer, que uma espécie de irmandade seria estabelecida, e desta forma, estabelecer-se-ia um processo de ajuda mútua às vocações particulares de cada país que se fixava na produção de um, ou mais produtos especiais, para conseguir economias de escala e localização no processo de produção.
Isto foi o que mais ou menos aconteceu até inícios do século XIX, com as produções de cada país limitadas a poucos produtos, onde a tecnologia era talvez pouco divulgada aos países periféricos, cuja pauta de exportação estava restrita a poucas mercadorias de cunho primário, sem nenhuma perspectiva de qualquer progresso. Não se deve esquecer de que o princípio das vantagens comparativas absolutas, ou relativas, talvez seja um instrumento de um sistema capitalista, dominador e que ao mesmo tempo, limitava o progresso tecnológico para os países pobres, que procuravam a pauta de exportação dos países ricos, ou desenvolvidos, ou industriais, e cujas nações pobres, ou periféricas, talvez viessem a criar alguma dificuldade quanto ao projecto de avanço do capital dos países centrais. Ou seja, era necessário limitar o desenvolvimento tecnológico desses países pobres, tornando-os dependentes da produção industrial e tecnologicamente avançada dos países ricos. Esse processo de subordinação aos acordos de países participantes do quadro do projecto das vantagens comparativas conduziu a certos contratos que criaram muitos problemas internos, especificamente, em países extremamente pobres; pois, quaisquer colheitas boas, que gerassem excedentes, poderiam ser sacrificadas frente a esses acordos preestabelecidos pelos governos.
A História relata factos em que um determinado país que não se especializou na produção de carne bovina, e que tinha um acordo com um outro país, e que internamente, apesar de ter tido uma boa produção de carne bovina, mas que, por força do acordo, teve-se que importar a carne bovina. Nessa linha de pensamento, verifica-se que o processo de exportação se dá, especificamente, para aqueles países que estão a participar desse tipo de acordo, e não para qualquer mercado, onde se queira exportar.
O processo de actuação numa economia internacional está vinculado à relação de compra e venda de mercadorias, não necessariamente de excedentes de países para o resto do mundo, mas, de nações que precisam de divisas para processar as compras que são necessárias, não só em termos de produtos, como também de tecnologias, e até mesmo, de matérias-primas que são fundamentais para o processo de produção de produtos domésticos. Da mesma forma que existe a concorrência interna para se vender determinada mercadoria; internacionalmente também existe esse instrumento, obrigando-se algumas vezes os países a baixarem os seus preços, de tal maneira que consigam colocar os seus produtos no mercado exterior, a preços muito abaixo do estabelecido pelo comércio internacional, e isto é uma prática de crime conhecida como dumping, forçando a derrubando os concorrentes de maneira desleal.
Além desse tipo ilegal de participação de forma activa no mercado, existem outros instrumentos que desequilibram a concorrência entre os países; pois, o uso de taxas alfandegárias abusivas faz com que muitas mercadorias de boa qualidade, e excedentes de países que não participam dos acordos de comércio, não tenham condições de colocar os seus produtos à venda. Isto tem dificultado aos países pobres, ou do terceiro mundo, a penetração no mercado mundial mesmo que produzam um, ou poucos produtos em que se especializaram e de boa qualidade.
A economia internacional é um sistema de cooperação mútua entre as múltiplas nações, de tal maneira que não cause desequilíbrios na economia como um todo, ou em países individualizados. O fundamental é que as relações sejam fundamentadas, harmoniosamente equilibradas sem prejuízo para ninguém, mas que haja um avanço na economia em geral. O desequilíbrio só cria maiores desajustes nos países dependentes, que mais cedo, ou mais tarde, se repercutem nas economias centrais.

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